pdfPoética مجانا للكاتب إدجار آلان بو
Edgar Allan Poe tem duas grandes preocupações: uma – mais geral e partilhada pelos seus contemporâneos – que é atestar e consolidar a existência de uma literatura americana; a outra, que lhe vai dar o cariz de grande modernidade – e fonte de incompreensão ao tempo, quando lhe chamam cerebral, matemático, filósofo ou cientista da literatura, como D. H. Lawrence – que é pretender retirar os modos de abordar a literatura do campo dos impressionismos: uma coisa que só os estudos literários vão conseguir pelos anos de 1960. A fundamentar estas duas preocupações está a afirmação da sua individualidade, da originalidade do seu pensamento, que vai referindo nas críticas, que procura concretizar pela sua prática de escrita e que tenta teorizar como vai lhe vai sendo possível.
Daí que, por um lado, seja nos seus próprios textos que melhor se encontrem as suas propostas – que aproveite as recensões e conferências para ir apresentando as suas ideias quanto ao que entende devam ser os novos e bons modos de escrever.
Regressando à segunda preocupação de Poe – a de dar um carácter científico à literatura – percebe-se que para a resolver vai adotar duas estratégias: por um lado, tentar empurrar até ao mais perto do científico que lhe seja possível o que de mais científico exista no estudo da literatura: a prosódia (contígua à música, que é anotável) e logo, a versificação. Por outro lado, vai socorrer-se das ciências do seu tempo – uma estratégia já costumeira das teorias literárias, sempre uma forma de parasitologia – para o ajudarem a construir a sua tese – a matemática, a proporção, a acústica nascente, o mesmerismo e suas possibilidades hipnóticas e psicológicas, a filosofia.