O TOURO BRANCO pdf von Voltaire
A jovem princesa Amaside, filha de Amásis, rei de Tânis, no Egito, passeava pela estrada de Pelusa com as damas do seu séquito. Estava mergulhada em profunda tristeza; as lágrimas corriam de seus belos olhos. Sabe-se qual o motivo do seu sofrimento e como temia ela desagradar ao reiseu pai com esse mesmo sofrimento. Achava-se em sua companhia o velho Mambrés, antigo mago e eunuco dos faraós, e que não a deixava quase nunca. Vira-a nascer, educara-a, ensinara-lhe tudo o que a uma bela princesa é permitido saber das ciências do Egito. 0 espírito de Amaside igualava-se à sua bondade; ela era tão sensível, tão terna como encantadora; e era essa sensibilidade que lhe custava tantas lágrimas. A princesa tinha vinte e quatro anos de idade; o mago Mambrés tinha cerca de mil e trezentos anos. Fora ele, como é sabido, quem sustentara com o grande Moisés aquela famosa disputa na qual a vitória esteve por longo tempo pendente entre os dois profundos filósofos. Se Mambrés sucumbiu, foi unicamente devido à visível intervenção das potências celestes, que favoreceram o seu rival; só mesmo deuses, para vencer Mambrés. Amásis o nomeara superintendente da casa de sua filha, e ele se desincumbia dessas funções com a sua ordinária sabedoria. A bela Amaside enternecia-o com seus suspiros. — O meu amor! meu jovem e querido amor! — exclamava ela às vezes, — tu, o maior dos vencedores, o mais perfeito, o mais belo dos homens! como! há mais de sete anos que desapareceste da face da terra! Que deus te arrebatou à tua terna Amaside? Não estás morto, assim o dizem os sábios profetas do Egito; mas para mim estás morto, acho-me sozinha na terra, ela é deserta. Por que estranho prodígio abandonaste o teu trono e a tua amada? o teu trono! era o primeiro do mundo, e é pouco; mas eu, que te adoro, ó meu querido Na...